sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Entre a verdade e a revelação de Deus

Isso é muito simples: a verdade é onde Deus esteve; a revelação é onde Deus está.

A verdade são as trilhas de Deus, seu rastro. Infelizmente, muitas pessoas se contentam hoje em saber onde Deus esteve, ou quão poderosamente ele agiu lá, ou como ele operou.

Mas podemos percorrer a trilha da verdade até chegar ao ponto da revelação. Ou seja, não se contentar em identificar o lugar onde Deus esteve, mas chega ao lugar onde Deus está agora, saber o que ele está fazendo.

Isso significa ir além da verdade passada e ansiar pela verdade presente. Isso significa ir além de uma mera difusão da Bíblia e procurar estar ligado a um poder maior, a algo que pode saciar a fome que corrói a nossa alma hoje. Isso significa não se contentar mais em apenas saber sobre Jesus (porque isso não quer dizer ter intimidade com ele ou conhecê-lo), não se contentar apenas em saber fatos sobre Deus, mas buscar conhecer a Deus e assim buscar corresponder aos desejos do Espírito Santo (porque, na realidade, tudo o que Deus quer não é que saibamos sobre ele, mas que o conheçamos). Isso significa sair do “conforto” do culto ao bem-estar que exercemos e ser desesperado por um encontro com Deus. Isso significa não querer apenas vê-lo de longe, mas pegar seu coração, buscando o impossível, sabendo que é possível. Isso significa deixa o Espírito Santo nos encher com a sua glória, sem procurarmos puxar as rédeas quando vemos que está fugindo ao nosso controle.

Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, e buscar a Minha face, e deixar seus maus caminhos; então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. 2 Cr. 7:14

Devemos parar de buscar os benefícios de Deus e buscar a Ele; devemos não mais buscar suas mãos, mas buscar sua face.

O Senhor não vai derramar o seu Espírito onde não há fome dele. Ele procura pelos famintos, pelos que procuram viver com o Senhor em sua plenitude, pelos que procuram a presença de Deus mais do que a sua carne pode suportar.

Está na hora de começarmos a perguntar o que Deus está fazendo para nos juntarmos a Ele. Está na hora de sermos verdadeiros caçadores de Deus. Está na hora de nos levantarmos e de buscarmos a sua presença. Está na hora de buscarmos sair dessa presunção que impede Deus inclusive de olhar para nós e termos fome da presença de Deus.

Às vezes tenho a impressão de que Deus está tão incomodado com a atitude de seus filhos quanto nós ficamos envergonhados quando vemos no shopping, por exemplo, os filhos de alguém gritando e esperneando por alguma coisa. Será que nos parecemos com esses meninos malcriados?

Então, a única coisa que pode nos mover para o centro da vontade de Deus é o arrependimento. Como diria João Batista, arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus [...] preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas (MT. 3:1,3). Ou, como disse Deus a Abraão: anda na minha presença e sê perfeito (Gn. 17:1).

O arrependimento é o que nos prepara para a presença de Deus, é o que nos permite buscar a sua presença, é o que constrói a estrada para que alcancemos Deus, é o que nos faz querer ir além da verdade de Deus e buscar a sua revelação.

Quando foi que você deixou tudo de lado e correu para o arrependimento para buscar a Deus? Será que você já entendeu que nada mais importa do que amar e amar cada vez mais a Deus? Será que você já entendeu o sentido de parar de buscar o que as suas mãos podem fazer e buscar mesmo ver a face de Deus?

Quando fazemos essas perguntas entendemos que muitas vezes aquilo que é bom tem sido inimigo do que é melhor.

(Adaptado da obra Os caçadores de Deus, de Tommy Tenney)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Manual para o corpo saudável

Às vezes nos perguntamos: “Mas o que está acontecendo com a Igreja? Onde está o poder e o impacto que Deus prometeu dar a ela?” Nossos cultos estão cheios, mas as pessoas entram no templo e parecem que querem se esconder, se perder no meio de tantos rostos – muitos famosos esquenta-bancos. De repente, nos perguntamos o que está acontecendo. Se nós somos o corpo de Cristo, como diz a música 1 , então porque os braços de Deus não estão alcançando? Por que Suas mãos não estão curando, por que Suas palavras não estão ensinando? Se somos o corpo de Cristo, por que os Seus pés não estão indo? Por que Seu amor não está mostrando que existe um caminho?
Excelentes perguntas. Vou deixar Paulo responder:
Ele deixa bem claro uma coisa: temos o nosso corpo individualmente, mas, juntos, somos corpo de Cristo. Como isso acontece?
Primeiro ele começa explicando que o nosso corpo deve ser apresentado como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, porque isso é o nosso culto racional (Rm. 12:1). Isso significa que o nosso corpo é o que temos de mais concreto para oferecer a Deus e, por isso mesmo, é o que nos promove mais racionalidade de uma adoração a Deus quando a ele dedicamos o nosso corpo como sacrifício.
Sendo assim, à medida que cada um dedica seu corpo, pode acontecer a Igreja de Deus: um lugar onde os corpos, mentes e corações dedicados a Deus se unem com um único propósito – adorá-lo. Nesse lugar, partindo-se do pressuposto que somos todos diferentes, exercemos funções diferentes. Então um vai completar o outro, fazendo cada um o que sabe melhor, e assim, juntando tudo, a Igreja desenvolve sua função, ela funciona bem, é bem operacionalizada e todas as coisas que Deus prometeu podem acontecer:
- se o seu dom é de profecia, haja sempre segundo a fé (não se desvie dela ou você faz besteira, entendeu?)
- se é ministério, ministre
- se é ensinar, se dedique
- se é exortar, não fuja disso
- se é repartir, faça com liberdade e com justiça
- se é presidir, faça com cuidado
- se é exercitar misericórdia, não esqueça o sorriso
- ame sem fingimento para aborrecer o mal
- não sejam devagar-quase-parando no cuidado, mas fervam no Espírito
- alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação perseverando na oração
- comuniquem suas necessidades
- abençoem uns aos outros, principalmente os que vos perseguem
- alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram
- entrem em acordo (!)
- não procurem coisas altas, mas se contentem em serem humildes
- não queiram saber demais, porque sou eu que sei de todas as coisas
- não respondam ao mal com mal, não se vinguem, porque isso é responsabilidade minha. Mas, mais do que isso, além de abençoar, dá de comer, beber e o que mais o seu inimigo precisar, para que vocês vençam o mal com o bem.
Tem mais: não julguem, recebam, acolham. Jesus pagou um preço muito alto para nós ficarmos selecionando e escolhendo quem pode vir.

1 Casting Crowns – If we are the body

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O pecado e a graça

Deixa eu explicar uma coisa: onde o pecado abundou, superabundou a graça (Rm. 5:20b)
Lindo isso, né?! Também sempre achei. Mas será que você entende a dimensão do que Paulo tava querendo dizer pra gente quando escreveu isso? Eu acho que acabei de entender, e ainda foi mais ou menos.
Assim ó.. essa história começa lá no livre-arbítrio. Como eu já falei aqui antes, Deus deu a terra pra Adão e Eva, e, pra provar que a terra era deles, ele deu junto o livre-arbítrio, deixando até eles escolherem os nomes das coisas que eles vissem (aliás, mais uma palavra estranha pra hoje: cegonha. Fala sério, isso realmente não podia vir da mente super criativa de Deus).
Mas, voltando aqui, vou tentar resumir: Deus deu o livre-arbítrio pro homem usar para fazer o bem, mas satanás cuidou de ensinar a Eva bem cedo que ela devia buscar a independência de Deus, não obedecendo a ele. Aí que Paulo fala lá em Romanos 5 o que aconteceu: pelo pecado de Adão e Eva, que quiseram provar a sua independência de Deus, a morte entrou no mundo e passou a todos os homens – resultado: todos somos pecadores desde sempre, e aprendemos a usar o nosso livre-arbítrio para buscar a independência de Deus. Só pra deixar você com mais peso na consciência, a verdade é que quando buscamos a independência de Deus, criamos os nossos próprios deuses.
(Abrindo um parêntese aqui, a partir disso fica claro que Deus, mesmo sendo o dono de tudo, não criou o mal ou as coisas ruins que os homens fazem. Aliás, uma vez que ele protesta e adverte contra o comportamento ruim, não faz sentido que ele também o provoque. O mal surgiu a partir de um uso indevido do livre-arbítrio).
Então, mas Deus resolveu que não ia deixar barato essa declaração pública de independência, que gerou pecado e se estendeu para o mundo inteiro. Que que ele fez? Mandou seu único filho, JC, pra morrer na cruz por mim e por você. Mas como é que pode, se eu nem existia ainda na época? É assim: na cruz, os braços de JC ficaram estendidos – um apontava para o passado e o outro mirava o futuro, ou seja, um abraço de perdão oferecido para quem quisesse, caracterizando JC como um Redentor. Por meio desse ato foi que Deus se reconciliou com o mundo, lançando perdão pra quem quisesse.
Mas esse sacrifício pelo qual Jesus teve que passar foi também uma demonstração da seriedade que Deus entende o pecado, ao entrar no mundo na pessoa de JC e sofrer a penalidade que nós merecíamos. Isso, porém, mostra a disposição mais fundamental de Deus em relação a nós: o amor. E ele prova isso na cruz (Rm. 5:8). Ele queria estar reconciliado conosco, mas o pecado estava no meio, atrapalhando a santidade. Depois da cruz, o pecado não é mais interferência.
É aqui que entra a superabundância da graça. Paulo fala que assim como por causa de um só homem o pecado (e a morte) entraram no mundo e se estenderam para todos os homens, se pela ofensa de um morreram muitos, quanto mais a graça de Deus, que vem de um só homem, JC, alcançou a todos! (Rm. 5:15). Bem pensado, Paulo! Se Adão, que era só Adão, fez uma coisa desse tamanho, imagina Deus, que é Deus!
Ele continua: se a condenação do mundo veio de uma só ofensa, foi por meio de muitas ofensas que veio a justificação (Rm. 5:16); se pela ofensa de um reinou a morte, quanto mais reinará a vida aos que recebem o dom da graça (Rm. 5:17); se pela desobediência de um só homem todo o resto do mundo é pecador, quanto mais pela obediência de Jesus muitos serão feitos justos (Rm. 5:19); assim como o pecado reinou sobre a morte, a graça reina sobre a vida por causa de Jesus Cristo (Rm. 5:21).
Por isso que, aqui, onde abunda o pecado, superabunda a graça. E a graça vem através da fé em que isso tudo que você leu aconteceu.
Mas não banque o espertinho com Deus pensando: “Ah, mas se é assim, temos que continuar pecando pra que a graça seja mais abundante!” “De jeito nenhum!”, Paulo fala, “estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm. 6:1,2)
Só pra deixar claro.

sábado, 5 de setembro de 2009

O que JC queria dizer com... “seja como uma criança”

O que será que JC quis dizer com isso? Pros adultos é difícil pensar em voltar a ser como criança (porque não implica só na idade, mas em agir como criança) – será que a gente deve retroceder, é isso que ele quer? Será que ele quer dizer pra gente ser inocente? (Fala sério, alguém conhece alguma criança inocente? Eu não. Hoje elas já nascem chantageando.. hehe). Com certeza quando ele disse pra deixar as criancinhas irem lá perto dele, ele tava só querendo se livrar logo daquele bando de menino gritando e correndo pra ele se livrar logo daquilo. Será?
Uma coisa que tô aprendendo é que JC diz muito pelas entrelinhas. Então temos que aprender a lê-las.
A característica mais visível das criancinhas é que elas desejam apenas receber. Elas só querem, querem, querem, sugam, sugam, sugam. Isso não é nada atraente, principalmente quando dito pra um adulto: seja assim. Mas, quando falou isso, Jesus com certeza não tava sendo sentimental, como se estivesse dizendo: “Owww, guti guti.. Olha que fofinho. Deixa eu botar vocês no colo!”.
O ensinamento dele é outro: ele estava nos convidando a fazer algo que tentamos evitar de todo jeito – reconhecer nossa dependência. Ninguém é mais carente e tem menos a oferecer do que uma criancinha. Os bebês são gostosos de olhar e de segurar. Seu desejo total e absoluto é sempre o de receber, não apenas porque são egoístas (apesar de serem), mas porque são impotentes. "Então vocês, adultos que acham que sabem tudo e querem viver independentes de mim, assumam-se assim", é o que Jesus fala. E continua: "Impotentes vocês já são, mas precisam reconhecer e aprender a receber aquilo que vocês não são capazes de realizar por vocês mesmos". É um convite à humilhação perante Deus, uma proposta para que você diga ao Espírito que você precisa que ele transforme seu coração.
Eu sei, eu sei. Não é bom se sentir humilhado. É que quando você recebe muita coisa, parece que você tá carente de muita coisa, e não é legal que os outros vejam o quanto você precisa de outras pessoas te ajudando. Acho que, por entender tão bem isso, foi que Jesus falou que é melhor dar do que receber – porque ele viu que não apenas é melhor, mas é muito mais fácil dar do que receber, não é?! É muito mais fácil aconselhar do que ser aconselhado, ajudar um amigo que precisa do que revelar nossa própria insegurança, doar uma cesta básica ou uma sacola de roupas usadas do que recebê-las no começo do mês...
Mas, pra ele, você não só pode, como deve se mostrar assim. É o que ele pede: que sejamos conscientes de nossas carências, que percebamos o quanto somos orgulhosos e arrogantes ao não confiar nele. É aqui que a criança mostra sua melhor característica: comunicar involuntariamente sua impotência e vulnerabilidade ao seu cuidador. Os "crescidos" tentam se esconder atrás de suas defesas e se esquecem que, antes de dar algo de valor, é preciso receber.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Em algum lugar no meio

Em algum lugar entre o quente e o frio
Em algum lugar entre o novo e o velho
Em algum lugar entre quem eu sou e quem eu era
Em algum lugar em meio a isso, Você vai me encontrar
Em algum lugar entre o errado e o certo
Em algum lugar entre as trevas e a luz
Em algum lugar entre quem eu era e em quem você está me transformando
Em algum lugar em meio a isso, Você vai me encontrar
Quão perto de Ti posso chegar, Senhor, da minha redenção sem que eu perca todo o controle?
Guerreiros sem medo numa tropa de cerco,
Num abandono embalado pelo senso comum
Fé de águas profundas num fim superficial
E nós somos pegos em meio a isso
Com olhos abertos às diferenças,
O Deus que queremos e o Deus que É
Mas nós vamos trocar nossos sonhos pelos dele?
Ou somos pegos no meio disso?
Somos pegos no meio?
Em algum lugar entre meu coração e minhas mãos
Em algum lugar entre minha fé e meus planos
Em algum lugar entre a segurança do barco e as ondas gigantes
Em algum lugar entre um sussurro e um rugido
Em algum lugar entre o altar e a porta
Em algum lugar entre a paz satisfatória e o sempre querendo mais
Em algum lugar em meio a isso, Você vai me encontrar
Quão perto de Ti posso chegar, Senhor, da minha redenção sem que eu perca todo o controle?
Senhor, eu te sinto neste lugar e eu sei que você está do meu lado
Me amando até mesmo nessas noites em que eu sou pego no meio

(Original: Somewhere in the middle – Casting Crowns)